quinta-feira, 17 de outubro de 2013

PJ INVESTIGA A PRÓPRIA PJ






Pedro Guedes apresentou uma queixa contra a PJ na Inspecção-Geral da Administração Interna (IGAI), mas esta remeteu a investigação para a própria “arguida” investigar.


A queixa, a que “o NOTÍCIAS SEM CENSURA” teve acesso, contém várias denúncias relacionadas com a actuação da PJ no caso do alegado estripador de Lisboa e que foi recentemente inocentado por um tribunal de júri da morte de uma jovem, em Cacia, zona de Aveiro, ocorrida em 2000. “Chamo-me Pedro Joel Azevedo Guedes. Sou um ser humano com deveres e com direitos, sou um homem que, como qualquer pessoa, tem o direito de se sentir protegido e em segurança. Não é o meu caso”, começa por explicar à IGAI o filho de José Guedes, o indivíduo que, numa entrevista ao jornal “Sol” confessou ser o estripador. O organismo do Ministério da Administração Interna limitou-se a dizer que não tem competência para investigar o caso, uma vez que a força de segurança envolvida, a PJ, pertence ao Ministério da Justiça e remeteu a queixa para a própria PJ, ou seja, a força policial denunciada.
“Como é que, estando membros da própria força policial em questão, é a PJ que os vai investigar? Onde é que está a isenção? Admito que errei em enviar a queixa para a IGAI, mas esta remeter o caso para a PJ não faz sentido”, afirmou ao NOTÍCIAS SEM CENSURA Pedro Guedes.
Segundo o NOTÍCIAS SEM CENSURA apurou, não existe, de facto, qualquer organismo exterior à PJ para investigar eventuais abusos cometidos pelos seus efectivos. Só o Ministério da Justiça, através do Ministério Público, pode exercer essa fiscalização, como aliás faz com os demais cidadãos.

A denúncia
Na missiva que enviou à IGAI, Pedro Guedes diz: “Sou filho de um cidadão chamado José Guedes, que recentemente foi dado por alguma imprensa como sendo o possivel "estripador de Lisboa". O meu pai foi entretanto preso preventivamente e em julgamento absolvido por tribunal de júri e colectivo de juízes. A investigação policial por parte da PJ de Aveiro não existiu, apenas houve trocas de favores com busca de glórias que dariam os seus proveitos a cada um deles. Não denunciei na justiça, as ameaças, pressões e até outras coisas, porque na altura seria apenas a minha verdade contra a verdade de outros. Perderia tempo e dinheiro em tribunal sem resultados. No entanto, com o tempo, algumas verdades conseguem ser provadas.”
E Pedro Guedes concretiza: “Em Maio do ano de 2012, juntamente com a acusação contra o meu pai, foi pedida uma extracção de certidão para que o MP de Matosinhos me investigasse por suspeitas de roubo. O motivo era os objectos encontrados na busca domiciliária que foi feita em minha casa (dia 23 Novembro de 2011) e que estariam na minha posse, no meu quarto. Nesse pedido de certidão constava um objecto que não estava na minha posse e muito menos no meu quarto. Isso foi provado recentemente pelo MP de Matosinhos pelo processo e investigação que foi feita. O objecto em causa são 250 projécteis (que segundo sei estavam vazios, já tinham sido utilizados) e estavam no ponto oposto ao meu quarto. Tendo em conta o desenho da habitação, seria como confundir o pólo norte com o pólo sul num mapa.”

A fumar com a denunciante

Segundo o filho do alegado estripador disse à IGAI, durante o julgamento do pai, “testemunhou o inspector da PJ de Aveiro, José Bento. Este disse em tribunal que eu tinha no meu quarto os tais projécteis. Recentemente, vi o MP de Matosinhos provar na investigação da qual fui alvo de que não tinha os projécteis na minha posse nem no meu quarto. Na noite 23 de Novembro de 2011, fui levado para as instalações da PJ de Aveiro. Não fui detido, mas prontamente o inspector-chefe, António Medina, disse que não podia sequer fumar numa janela ou noutro sitio que fosse permitido. A jornalista Felícia Cabrita (jornal Sol) que nessa noite também lá esteve, foi a primeira a falar comigo. Recordo que a jornalista era já na altura testemunha, foi ela aliás a denunciante, e no entanto o sr. António Medina permitiu, a pedido dela, que fossemos fumar e falar e até nos disse para irmos para a varanda do piso superior, pois "teríamos mais privacidade". Aliás, foi a jornalista que 5 minutos depois, berrou a António Medina dizendo que eu queria falar, quando nunca me recusei a tal. Houve aqui conivências entre a jornalista e algumas pessoas da PJ de Aveiro”.
A denúncia feita à IGAI e já remetida para investigação à PJ termina: “É de estranhar três coisas: várias pessoas disseram ter visto elementos da PJ e Felícia Cabrita num bairro em Matosinhos. A jornalista, foi a única no país e no mundo a obter informações do processo que até estava em segredo de justiça, apenas aberto a quem investigava. Finalmente,, o director da PJ de Aveiro, Teófilo Santiago, pediu reforma antecipada nem um mês depois de o meu pai ser acusado. Peço que investiguem, criminosos não podem usar distintivos.”
“O NOTÍCIAS SEM CENSURA”, solicitou à Direcção Nacional da PJ esclarecimentos sobre este caso, nomeadamente se a denúncia foi efectivamente remetida àquela força policial pela IGAI, quem é que a estava a investigar e se já havia resultados. Até ao fecho da nossa edição não existia resposta.



Carlos Tomás








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